quarta-feira, 20 de abril de 2011

XII

Para meu coração basta-me teu peito,
para tua liberdade basta, minhas asas. 
De onde minha boca chegará até o céu
o que estava entorpecido sobre tua alma.
É em ti a ilusão de cada dia.
Chegas como o orvalho das corolas.
Socava o horizonte com tua ausência.
Eternamente em fuga como a onda.
Eu falei que cantavas com o vento
como os pinheiros e como os mastros.
Como eles é alta e taciturna
e entristeces de pronto, como uma viagem.
Acolhedora como um velho caminho.
Te povoam ecos e vozes nostálgicas.
Eu despertei e às vezes migraram e fugiram
os pássaros que adormeciam em tua alma. 


Pablo Neruda
Vinte poemas de amor e uma canção desesperada

7 comentários:

  1. lindo, encantado, intenso. Já falei do seu talento com as letras?
    "Para meu coração basta-me teu peito"

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  2. Pablo é de morrer. Lindo mesmo! Um abração!

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  3. E não há, veja bem
    doçura,encantamento, paixão e loucuras maiores do que as de Pablo.

    Beijos meus

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  4. Eu tinha esse livro até o perder, uma pena. Neruda, o sentimento latino em versos

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  5. Uma coisa sempre dependendo da outra, um momento sempre casando com outro..

    é a ligação da vida!

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  6. adoro esse viço de liberdade que o amor presenteia as almas.




    bjsmeus

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